29/12/2014

Lope de Vega - "Soneto 126"



Soneto 126
Lope de Vega 
(1562-1635)

Desmayarse, atreverse, estar furioso,
áspero, tierno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

no hallar fuera del bien centro y reposo,
mostrarse alegre, triste,
humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo,
satisfecho, ofendido, receloso;

huir el rostro al claro desengaño,
beber veneno por licor süave,
olvidar el provecho, amar el daño;

creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño:
esto es amor, quien lo probó lo sabe.

Nota: Perceber os paradoxos e contradições do amor são noções reservadas à experiência humana, subordinando o racionalismo da descrição poética à necessidade de uma certa fé, cuja origem é sempre nebulosa ("(só) quem provou, sabe"), O saber racional (ou "amo porque sei", ) não prescinde, antes se completa, pela prova do amor (ou "amo porque sinto"). O saber poético deveria trazer felicidade ao espírito humano; no entanto, a vivência amorosa, via de regra, implica sofrimento. Ah....Essa península!

A foto é um frame do filme "Lope", dirigido por Andrucha Waddington, com Alberto Ammann como Lope de Vega e Pilar López de Ayala como Elena Osorio.