03/11/2014

Neruda - "No Te Quiero Sino Porque Te Quiero"



No Te Quiero Sino Porque Te Quiero
(Soneto LXXI de "cien sonetos de amor" - 
Pablo Neruda, 1959)

No te quiero sino porque te quiero
Y de quererte a no quererte llego
Y de esperarte cuando no te espero
Pasa mi corazón del frío al fuego.

Te quiero sólo porque a ti te quiero,
Te odio sin fin, y odiándote te ruego,
Y la medida de mi amor viajero
Es no verte y amarte como un ciego.

Tal vez consumirá la luz de enero,
Su rayo cruel, mi corazón entero,
Robándome la llave del sosiego.

En esta historia sólo yo me muero
Y moriré de amor porque te quiero,
Porque te quiero, amor, a sangre y fuego.


Nota pessoal: Não faço uma tradução, pois não se traduz poesia. Mas tento. 
Tentamos (a maior parte das vezes) só compreender a poesia (em vão); primeiro, tentamos lê-la em seu próprio idioma, em silêncio. Depois, traduzimos cada uma de suas palavras, frases, expressões. Só depois de um percurso mais ou menos longo, voltamos a relê-la completa em seu próprio idioma. Mas seu próprio idioma, agora, não é mais a língua usada pelo poeta, e sim, quem sabe (e se tem sorte) é com o novo significado que lhe atribui quem a tenta entender, mesmo em vão. 
Poderia escrever muito sobre esse maravilhoso poema.

Uma tentativa de hoje:
    
Não te quero, mas (não te quero justamente) porque eu te quero
E de tanto te querer chego a não te querer
E de te esperar quando não te espero
Meu coração passa do frio ao fogo.

Eu te quero só porque eu te quero,
Eu te odeio sem fim, e (ainda que) te odiando eu te peço,
Pois a medida do meu amor errante
É não te ver mas te amar cegamente.

Talvez a luz (da esperança) de janeiro irá consumir,
Com seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me o caminho de meu sossego.

Nesta história só eu morro
E eu vou morrer de amor porque eu te quero,
Porque eu te quero, amor, a sangue e fogo.